O Design Thinking tem sido amplamente utilizado em todo o mundo por todos os setores imagináveis, com o intuito de impulsionar a inovação e melhorar os produtos e serviços. No entanto, o setor jurídico está em sua fase inicial da vasta gama de possibilidades que o Design Thinking pode proporcionar.
Mas afinal, o que é design thinking? Segundo Kevin Lee, professor da Universidade de Campbell, o Design Thinking é “uma prática iterativa que se originou na indústria de software para o desenvolvimento de produtos e serviços”. Ou seja, é uma prática que se originou de processos informáticos, e que tem como intuito a resolução de problemas.
Qual é o objetivo principal do Design Thinking?
Mas como alcançar esse objetivo que, à primeira vista, pode parecer abstrato e intangível?
Seguindo um método de inovação: uma forma de pensar e agir estruturada e criada para engajar as pessoas envolvidas, impulsionar a criatividade em sua essência e gerar um comprometimento com a solução final.
Não que o Design Thinking seja pensado apenas para o design de produtos. Pelo contrário, a ideia aqui é desenvolver inovações para solucionar qualquer tipo de problema. É proporcionar um ambiente que possibilite enxergar o problema sob novas perspectivas.
Quais as vantagens de utilizar em seu negócio?
Desde o século XX, o marketing transferiu seu foco no produto para o cliente – o que chamamos de Marketing 2.0. E, ao longo das últimas décadas, a experiência do usuário e as soluções mais humanizadas têm sido a inclinação principal das empresas.
O próprio conceito de sociedade 5.0, extremamente atual, busca centrar o desenvolvimento tecnológico da Indústria 4.0 no ser humano.
Mas por que isso é tão relevante no dia a dia das empresas?
Engajamento
Uma solução que realmente mude a vida do usuário é uma excelente forma de motivação. O projeto feito com essa abordagem mantém as equipes mais unidas, trabalhando de forma colaborativa pelo mesmo resultado. Isso também é útil para aumentar a retenção de talentos, com profissionais mais satisfeitos.
Fluidez na comunicação
Ao exigir que as equipes encontrem soluções em conjunto, o Design Thinking também faz com que os envolvidos precisem se comunicar e expor seus pontos de vista. Isso faz com que o clima interno também fique mais agradável, com profissionais mais flexíveis.
Equipes compostas por pessoas diferentes traz ainda mais diversidade de ideias e backgrounds para os projetos.
Redução de custos
Com uma implementação barata, o Design Thinking também permite criar soluções cada vez mais eficientes, com foco em reduzir custos mantendo a excelência da entrega.
Principais ferramentas do Design Thinking
Existem diferentes ferramentas para aplicar o Design Thinking nos projetos de sua empresa. Veja algumas delas:
- Mind Map ou Mapa Mental: é um diagrama para gerir e organizar as ideias e as informações, a partir de um ponto central. Trata-se de um desenho, com símbolos, escritos, formas, para tornar o conhecimento gerado em algo concreto e visual.
- Mapa de Empatia: utilizado para conhecer melhor o cliente, a partir do que ele pensa, sente, vê, fala e faz, além de suas necessidades e dores.
- Produto Mínimo Viável (MVP): é a versão mais simples da solução, utilizando o mínimo esforço, custo e desenvolvimento.
- Storyboard: um quadro que represente a solução de forma narrativa, com começo, meio e fim.
- World Café: a equipe é dividida em mesas (como em um café) e os participantes vão trocando de lugar de tempos em tempos para propor novas ideias às discussões.
Quais as etapas do Design Thinking
Por não se tratar de uma metodologia, o Design Thinking não tem uma estrutura totalmente definida e nem um passo a passo concreto a seguir. A ideia aqui é apresentar uma lógica que a equipe possa se basear para cada solução, um caminho para nortear o trabalho.
1. Imersão e Pesquisa
A primeira etapa é o momento de enxergar o problema e se colocar no lugar do público-alvo (cliente ou qualquer outro stakeholder). Isso porque para entender, de fato, as necessidades a serem solucionadas, é preciso ter empatia.
É interessante que a equipe faça uma imersão mais profunda na questão para poder vivenciar as reais dificuldades encontradas pelo cliente/usuário. Este é o momento de fazer pesquisas para:
- Analisar as fraquezas internas e os pontos positivos do projeto ou da empresa
- Identificar tendências e oportunidades de mercado
- Entrevistar as pessoas envolvidas e levantar todos os dados relevantes.
2. Ideação ou Brainstorming
Assim que for feito um diagnóstico detalhado da situação, define-se qual é exatamente o problema a ser trabalho e começam-se as sessões de brainstorming, ou seja, a “chuva de ideias”.
Aqui não é necessário ter precisão, apenas envolver toda a equipe para dar o máximo de ideias possível, sem julgamentos e medo de errar.
É importante estimular a disrupção, se livrar das ideias preconcebidas e entender que o erro faz parte do processo. Quanto mais rápido você errar, mais rápido poderá consertar.
3. Prototipagem
Após o levantamento de ideias, é hora de definir qual ou quais serão realmente aplicadas e tornar o que estava abstrato no papel ou no campo imaginário em ações práticas e concretas.
O protótipo serve como um modelo simples, com menor custo e produzido em menor tempo, de forma a representar o que está sendo sugerido pela equipe. Aqui a ideia não é elaborar demais, apenas ter um desenho ou uma maquete que possa ser levada à próxima etapa: os testes.
De acordo com o professor da Kellogg School of Management e diretor sênior da IDEO (empresa de design e inovação), “protótipos são questões incorporadas. Não é construir algo pelo qual você espera que as pessoas se apaixonem como produto final”.
4. Testes
Neste momento, avaliam-se todos os quesitos relacionados ao projeto prototipado:
- Seu funcionamento e questões operacionais
- Viabilidade de aplicação prática
- Custos reais e outros.
O cliente ou usuário recebe o protótipo, faz suas validações e retorna à equipe com seus feedbacks. Com isso, são feitos ajustes e correções para aprimorar o produto.
5. Lançamento
A etapa final, com isso, é o lançamento do produto. Mas é interessante dizer que, no Design Thinking, a aplicação do conceito de melhoria contínua é fundamental.
Isto é, após a entrega final ao cliente, podem ser feitas novas avaliações e otimizações para aprimorar, cada vez mais, o produto, reduzir custos, falhas e agregar mais valor ao cliente. Já vamos falar mais sobre isso.
Aplicações do Design Thinking na advocacia
Primeiramente, qualquer ação que procure facilitar a interação com o cliente, pode ser uma aplicação dessa abordagem. Software jurídicos são uma ótima maneira de otimizar a gestão do escritório, bem como interagir de maneira dinâmica e simples com o cliente.
O papel do advogado nessa abordagem, não se refere a desenhos e gráficos, mas sim de uma mudança de Mindset que consegue transferir padrões de pensamento e procedimento de designers para questões jurídicas. O que permite que as principais demandas das partes contratantes sejam expressas de maneira clara e lógica. Além disso, os tradicionais contratos que antes, eram extensos e com linguagem jurídica são substituídos por outros mais assertivos e com linguagem acessível. Tal acessibilidade faz com que o cliente saiba exatamente o que está sendo contratado, diminuindo duvidas e possíveis litígios desnecessários.
Por fim, o pensamento de Design Thinking oferece ao mercado jurídico um novo quadro de pensamento que se baseia em uma abordagem ecossistêmica que coloca o usuário de um serviço, produto ou solução técnica no centro de todas as considerações.